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Febre: Quando devo me preocupar?



A febre é sempre uma preocupação dos pais e frequentemente não sabemos como agir quando nossos filhos tem febre.

Cabe a nós pediatras a orientação sobre o que é a febre, como devemos agir na febre, o que devemos nos preocupar e o que não é preciso se preocupar.

Então vamos lá….

Mas o que é a febre?

A febre é definida como o aumento controlado da temperatura corporal, ou seja, o nosso corpo, propositalmente aumenta sua temperatura com o intuito de nos defender de um microorganismo invasor.

E a partir de qual temperatura consideramos que o paciente está com febre?

É importante frisar que a temperatura corporal a partir da qual consideraremos febre depende da localização em que a temperatura é aferida.

Por definição a febre é quando temos temperatura retal maior que 38°C. Já a temperatura axilar é em geral 0,3-0,4 graus abaixo da temperatura retal.

A maioria dos pediatras considera febre temperatura axilar acima de 37,8°C. Porém se o paciente está com T em torno de 37,5°C, mas com desconforto, pode-se optar por medicar para baixar a temperatura e a melhora dos sintomas.

A temperatura do nosso organismo também varia de acordo com o horário do dia, pois há um ciclo circadiano, no nosso organismo. Por exemplo, durante a madrugada e início da manhã a temperatura corporal pode ser até 1°C mais baixa. A temperatura também pode variar de acordo com o ambiente e atividade física.

A febre pode ser classificada em leve (até 38,5°C), moderada (38,5°C-39,4°C), grave(>39,5°C) ou hipotermia, temperaturas abaixo de 36,0°C.

A febre é responsável por aproximadamente 25% das consultas no consultório do pediatra, demonstrando sua importância no nosso dia-a-dia.

Quando o paciente vai ao pediatra com febre, muitas vezes o pediatra consegue através da história clínica e exame físico determinar a causa da febre e instituir o tratamento adequado.

Em aproximadamente 20% dos casos, o pediatra nesse primeiro atendimento não consegue estabelecer a causa da febre. Nesses casos, podemos manter a observação clínica domiciliar, com orientação dos sinais de alerta de maior gravidade.

A maioria dos casos não são graves, como resfriados, infecções de vias aéreas superiores e gripes, sendo em sua maioria auto-limitados, ou trata-se de um pródromo, ou seja, o início de alguma doença que ainda não se manifestou.

Quanto a idade do paciente, é muito importante que recém-nascidos (0-28 dias) caso tenham febre devem ir ao hospital imediatamente, pois há maior risco de infecção por bactérias na corrente sanguínea. Portanto sempre que um recém-nascido apresenta febre devemos levar o paciente ao pronto-socorro mais próximo da residência.

É importante diferenciar a febre da hipertermia.

E o que é a hipertermia?

A hipertermia é quando ocorre aumento acentuado da produção de calor do organismo ou redução da perda de calor, pode ser por excesso de agasalhos, exercícios, aumento da temperatura do ambiente ou mesmo desidratação.

Muitos estudos tem tentado demonstrar que deixar o organismo ter febre levaria a uma melhor resposta do organismo ao quadro infeccioso, porém ainda não temos essa comprovação.

Sabemos que a febre reduz a proliferação de microorganismos, mas não foi comprovado que o uso de antitérmicos aumente a reprodução do microorganismo ou piore a infecção.

Devemos então observar os sinais de desconforto que a febre proporciona (mal-estar, aumento da frequência cardíaca e respiratória) e se necessário medicar com anti-térmicos.

É importante destacar que o ideal é que a temperatura seja medida com termômetro antes de medicar. Mas estudos comprovam que as mães tem uma excelente capacidade de dizer se o filho teve ou não febre somente com as mãos. Portanto devemos sempre confiar nas informações das mães.


E quais os sinais de alerta que devem fazer com que os pais procurem o Pronto-Socorro? São eles:


1- Idade <3meses de idade.

2- Choro inconsolável / irritabilidade mantida

3- Sono espontaneamente interrompido a cada 1 a 2 horas, de forma mantida por várias horas.

4- Sonolência excessiva e prolongada

5- Prostração – só suporta a posição de deitado

6- Má Impressão da Face – com fáceis triste

7- Manchas “pintinhas” na pele / dispersas durante o primeiro dia de febre (por vezes no segundo dia de febre). São muito preocupantes.

8- Convulsão.

9- Calafrios / tremores mantidos durante vários minutos na subida da febre.

10- Dedos e/ou lábios muito roxos na subida da febre.

11- Frequência respiratória acelerada e mantida – mais de 50- 60 respirações por minuto, avaliada em fase sem febre ou com febre

12- Gemido expiratório intermitente, mantido durante várias horas

13- Sinais de dificuldade respiratória -oscilar das asas do nariz e/ou com o repuxar da pele entre as costelas, que vai para dentro na inspiração.

14- Vomitos repetidos - mais de 4 a 5 vômitos em poucas horas, especialmente se de cor esverdeada.

16- Sede intensa, impossível de saciar ou ter os lábios extremamente secos.

17- Recusa TOTAL para alimentos e/ou líquidos por um período superior a 2 refeições.

18- Febre axilar > 40°C ou rectal > 41°C.

19- Dor forte referida espontaneamente ou noção de que tem dores em qualquer local manifestada por “comportamentos indicativos de dor forte” em criança muito jovem, e que persistem após medicamento

20- Dores que são despertadas ou agravadas por qualquer tipo de movimento.

21- Incapacidade ou MUITA dificuldade em estar de pé ou em caminhar.

22- Várias idas ao médico no mesmo episódio de doença.

23- Sensação subjectiva dos pais de que “este episódio de febre é diferentes dos anteriores” para pior.

24- Palidez acentuada com início RECENTE, de poucas horas.


E quanto aos exames laboratoriais? Quando devemos solicitar e quais ?

Quando o pediatra não encontra a causa da febre clinicamente e a mesma persiste, pode nesse momento ser necessário a coleta de exames laboratoriais.

Outro motivo da realização de exames seria a confirmação de alguma suspeita diagnóstica, através de exames complementares.

Os exames mais comumente solicitados são:


  • Hemograma: no hemograma são analisados os três componentes do sangue, as hemácias, os glóbulos brancos (defesa) e as plaquetas.

  • PCR (Proteína C Reacional): esse exame auxilia o médico a avaliar se a infecção tem mais chance de ser viral ou bacteriana.

  • Rx de tórax: avaliar se há pneumonia ou outras alterações pulmonares.

  • Urina I: podemos avaliar se há indícios de infecção do trato urinário.

  • Líquor: o líquor é o líquido que circula nas meninges no sistema nervoso central. Em recém-nascidos com febre frequentemente é necessário coletar esse exame para descartar uma meningite, já que os recém-nascidos não apresentam sintomas específicos.


E qual o tratamento para a febre?

A febre é um sintoma, portanto para tratarmos a febre temos que tratar sua causa quando passível de tratamento, sendo assim o médico irá avaliar sempre caso a caso.

Para o alívio sintomático da febre podemos usar antitérmicos: dipirona, paracetamol, ibuprofeno, sempre com prescrição médica.

Além disso, podemos usar medidas não-farmacológicas, tais como:

  • banho morno

  • tirar o excesso de agasalhos

  • aumentar a ingesta de líquidos.

Não recomendamos banho frio, tampouco compressa com álcool (pelo risco de intoxicação).

O objetivo desse texto é meramente informativo.

Aconselhamos sempre consultar o seu médico e não se auto-medicar.

Quaisquer dúvidas estamos a disposição.

Abraços,

Equipe Clínica Infantil Duocare





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