Tradução autorizada pela autora, Dra. Laura Markham, a partir do artigo publicado em seu website https://www.ahaparenting.com/ask-the-doctor-1/talking-with-children-about-racism-police-brutality-and-protests
Nota da Autora, Dra. Laura Markham: Recebi esta carta inicialmente em 2014. Resolvi revisitá-la em face dos acontecimentos recentes.
Dra. Laura,
Nas últimas semanas tive inúmeras conversas com pais e mães, tanto pessoalmente como através de redes sociais, sobre se devemos falar com os nossos filhos sobre a morte de pessoas negras nas mãos da polícia e, se a resposta for sim, como fazê-lo?
A minha comunidade de pais e mães é de raças (e gêneros e sexualidades) diferentes, mas estamos todos nos sentindo devastados. Isto piora ainda mais quando lembramos das mortes recentes de Michael Brown, Eric Garner e Tamir Rice, de apenas 12 anos, seguidas das absolvições dos policiais que os mataram.
Alguns de nós fomos aos protestos; outros não, embora todos nos sintamos solidários com aqueles que protestam.
Nossos questionamentos são: com que idade podemos começar a falar com nossos filhos sobre esta questão assustadora e complexa? Quando as crianças têm idade suficiente para lidar com um assunto tão intenso? Com relação às crianças que já têm idade suficiente para discutir o assunto, como podemos falar sobre isso com elas? (A maioria de nós tem filhos com idade entre 5 e 10 anos).
Sei que deve ser difícil responder a isso. Afinal de contas, os pais de um menino afro-americano de 10 anos teria de abordar o assunto de forma diferente dos pais de uma menina asiático-americana de 4 anos.
Eu li seu trabalho porque estou tentando ser um pai/mãe melhor pros meus filhos. O seu construtivo modelo de maternidade/paternidade representa um método mais gentil e consciente do que aquele em que eu cresci e me eduquei. Mas também lança as bases para um mundo melhor, onde as pessoas tenham mais empatia umas com as outras e tentem trabalhar em conjunto para encontrar soluções.
Meus amigos e eu queremos ser honestos com os nossos filhos e filhas sobre as desigualdades e preconceitos reais que eles podem vir a encontrar, experimentar e/ou testemunhar, mas também não queremos sobrecarregar as crianças antes que elas estejam preparadas para compreender estas situações. Tampouco queremos aterrorizá-las.
Se queremos educar os nossos filhos para serem pessoas solidárias, que participam como cidadãos responsáveis numa democracia, precisamos encontrar formas de falar com eles sobre temas espinhosos com que nos debatemos em nosso país. Raça, justiça e como criar mudanças numa democracia são três desses temas. Não creio que exista uma só conversa sobre um tema tão cabal; penso que precisamos falar repetidamente sobre estes temas tão difíceis, à medida que eles surgem. Por vezes, os presentes acontecimentos criam a oportunidade ou a necessidade de tais discussões; por vezes, são gerados por nossas próprias vidas pessoais. Mas se queremos que as coisas sejam diferentes na próxima geração, temos de iniciar essas discussões dentro de nossas casas. Abaixo, vou dar um guia de idade por idade sobre como falar com os seus filhos.
Exatamente porque nós, como adultos, nos debatemos com estas questões, muitas vezes vamos ter dificuldades em saber como falar com os nossos filhos sobre elas. Mas isso não significa que não tenhamos a responsabilidade de o fazer.
Tem razão quando diz que precisamos falar sobre isto de forma diferente com crianças de diferentes idades e raças. Infelizmente, a experiência do racismo é uma ocorrência diária para famílias negras e latinas, por isso é um tema frequente em muitos lares afro-americanos e hispânicos. Não sou a pessoa mais indicada para dar conselhos sobre essa conversa, mas reconheço que deve ser de cortar o coração ter de explicar para seu filho que a cor da sua pele significa que ele pode não ser tratado de forma justa em nossa sociedade, que corre até o risco de morrer se por acaso estiver no lugar errado no momento errado.
Seria fácil – e simplesmente uma inverdade – dizer “Não se meta em encrencas que ficará bem”. É fácil dar exemplos de afro-americanos desarmados que foram mortos pela polícia; George Floyd é só o mais recente. Cory Booker, senador americano de Nova Jersey, tinha a idade do meu filho quando se formou em Stanford, foi homenageado como bolsista Rhodes, e mais tarde foi atacado por seis policiais de armas em punho. Eles o detiveram por meia hora como um criminoso perigoso, ladrando a ele: “Eu disse: não se mexa”, enquanto ele rezava e tremia. Os meus filhos, que estão protegidos de situações assim por causa da cor da sua pele, também tremeriam e rezariam, mas provavelmente teriam tentado fazer valer os seus direitos. Cory Booker não se atreveu a fazer isso.
As famílias brancas ignoram frequentemente a questão do racismo porque ela nos é desconfortável e porque nós assumimos que o racismo não afeta nossos filhos. Mas ele desumaniza a todos nós. Só podemos acabar com o racismo falando com todos os nossos filhos sobre como ele é injusto, admitindo que todos nós temos a tendência de julgar as pessoas pela aparência, apontando o terrível custo disso para os negros, e também para toda a nossa sociedade, ensinando aos nossos filhos que tratar todas as pessoas com justiça é importante.
Muitos pais brancos falam de heróis como Rosa Parks e Martin Luther King, e da escravidão. Precisamos também falar de racismo institucional e de privilégios. São questões difíceis de discutir, mesmo com adultos. Por isso, talvez a forma mais fácil de ensinar as crianças sobre tais questões seja através de histórias. Assim, por exemplo, meu filho me disse hoje que se lembra de uma vez que corremos para pegar um ônibus, quando ele tinha dez anos. Depois que entramos no ônibus, contei que meus amigos afro-americanos tinham proibido o filho deles de correr em público, mesmo que fosse para pegar um ônibus. Tinham medo que um policial pensasse que ele estivesse fugindo e que devia ser preso. (O ex-Procurador-Geral dos EUA Eric Holder conta a história de como isto lhe aconteceu quando já era procurador federal). Isto evoluiu para uma discussão sobre privilégios, da qual meu filho ainda se lembra, dez anos mais tarde. Claro que, ao longo dos anos, essa conversa contínua foi amplificada pelas próprias experiências deles, tais como saber que seus amigos negros eram por vezes parados e revistados pela polícia, enquanto que isso não ocorria a nenhum deles.
Como podemos então falar com os nossos filhos sobre estes incidentes recentes? Obviamente, cada um dos pais terá uma abordagem ligeiramente diversa, dado que o que escolhemos dizer pode ser diferente. Só posso lhes dizer o que eu, uma psicóloga branca, diria aos meus próprios filhos. Vamos por faixa etária.
Crianças com menos de 3 anos
Os cérebros de crianças pequenas desenvolvem-se rapidamente em resposta ao seu ambiente e são altamente sensíveis a imagens e situações assustadoras. Por isso, crianças com menos de 3 anos jamais devem ser expostas a notícias televisivas. Não recomendo sequer que se fale sobre qualquer problema perturbador quando estiver perto de crianças nesta idade, mesmo supondo que elas não compreenderão. Crianças nesta idade tem uma sensibilidade acurada ao nosso tom de voz e facilmente se alarmam.
No entanto, é importante lembrar que crianças pequenas percebem as raças e estão sempre tirando conclusões acerca de tudo, incluindo sobre raça. Elas percebem o status social. Reparam nos sinais dos pais, como a simpatia ou o endurecimento quando alguém se aproxima. Olham pros pais pra ver se “aprovam” quando alguém se inicia no parquinho. Assim, fiquem atentos para notar suas próprias reações que podem ser influenciadas pela questão da raça e quais as sugestões vocês estão dando a seus filhos.
Pré-escolares (de 3 a 5 anos)
Os pré-escolares percebem raças, e é importante ter discussões contínuas com eles sobre raça, o valor da diversidade, justiça e a defesa do que é certo. Por exemplo, você pode mencionar que as escolas em bairros ricos (que é mais provável serem majoritariamente brancos) têm mais dinheiro do que as escolas em bairros com mais crianças negras, então eles podem construir parquinhos melhores: “Isso não é justo, né?”
Mas pré-escolares são ainda muito novos para se sentirem seguros junto aos adultos e claramente não se controlam, razão pela qual devem ser protegidos da cobertura televisiva e das conversas assustadoras em casa sobre os acontecimentos atuais. Se o seu filho perguntar sobre as notícias de hoje, pergunte a ele o que andou ouvindo por aí.
Depois, forneça informações básicas. Por exemplo:
“Um policial estava rendendo um homem chamado George. Ele apertou seu joelho contra o pescoço de George durante muito tempo e isso matou George. O policial errou completamente ao fazer isto. Muitas pessoas ficaram enfurecidas com isso, porque pensam que isto não teria acontecido se George não fosse afro-americano. É muito mais comum policiais machucarem e matarem pessoas negras. É por isso que muitas pessoas protestam, para mostrar o quanto isto é injusto, na opinião delas. Algumas delas estão tão bravas que estão destruindo propriedades, incluindo delegacias de polícia. Naturalmente, isso é uma ameaça para as delegacias. O medo faz com que as pessoas façam coisas ruins. Alguns policiais estão tão bravos e por isso são criticados. Então alguns deles estão abusando do seu poder, ferindo os manifestantes, mesmo quando os estes tentam ser pacíficos nos seus protestos.”
Os pré-escolares enxergam o conflito em termos simplistas. Eles sabem que os bandidos são muitas vezes mortos pelos mocinhos, que nos filmes são frequentemente mostrados como policiais, e podem então perguntar quem era o bandido. A minha resposta seria: “Quando as pessoas são feridas por dentro e não sabem como se curar, eventualmente fazem coisas más como machucar outras pessoas. Este policial matou uma pessoa indefesa, o que é contra a lei. E depois (no caso de George Floyd) a polícia tentou esconder o que tinha acontecido. Como você sabe, nunca é correto machucar o corpo de alguém, e se os nossos amigos fazem algo errado e machucam alguém, é nossa dever impedir isso – e não mentir a respeito.”
Eu usaria a oportunidade para perguntar aos seus filhos como se sentem quando ficam com raiva. Explique que quando uma pessoa fica com raiva, achamos que nós estamos certos e que a outra pessoa está errada, e queremos partir pro contra-ataque. Mas quando estamos com raiva, não pensamos com clareza. Ao passar a raiva, muitas vezes nos arrependemos de ter agido com nossos impulsos coléricos. Pelo fato dos policiais andarem armados, eles tem a responsabilidade especial de serem muito cuidadosos para não machucar outras pessoas, mesmo quando explodem de raiva.
Se o seu filho perguntar por que razão as pessoas protestam, você pode dizer algo como: “O policial era branco, e o George era negro. Algumas pessoas pensam que o policial não teria matado George se ele fosse branco. Isso seria horrível, certo? Que talvez se ele não fosse afro-americano, o policial não o tivesse matado. Naturalmente, isso deixa as pessoas com muita raiva, e estão protestando para dizer que isto precisa mudar.”
Para o bem-estar emocional do seu filho, é importante encerrar a discussão com esperança: a maior parte dos policiais quer “proteger e servir” (que é o lema da polícia nos EUA) e não quer machucar ninguém. A mudança é possível, muitas pessoas estão trabalhando pra melhorar as coisas, o progresso é lento, mas é real e há coisas que eles podem fazer para ajudar.”
É também importante assegurar à criança que ela e o resto da família estão em segurança. Sei que, numa família afro-americana, pode ser difícil assegurar a uma criança que todos estão a salvo. Só posso aconselhar os pais a acalmarem-se antes de falarem com crianças muito pequenas, a fim de não comunicarem involuntariamente os seus próprios medos.
Encerro comentando algo com que crianças nessa idade se debatem todos os dias: a violência não é o caminho para resolver problemas entre as pessoas. “Esta é uma tragédia terrível. É por isso que é tão importante que usemos as nossas palavras em vez de bater ou machucar alguém quando ficamos com raiva.”
Alunos de ensino fundamental I
Crianças dos seis aos nove anos têm idade suficiente para saber o que se passa através de amigos ou da internet, por isso os pais querem perguntar o que ouviram e abrir uma discussão sobre o assunto. Também têm idade suficiente para falar sobre todas as questões envolvidas aqui: raça, armas e protestos.
MAS, obviamente, terão de adaptar sua explicação à compreensão do desenvolvimento de seus filhos. O seu filho pode parecer muito sofisticado, mas a investigação mostra que os alunos de ensino fundamental têm pesadelos devido às notícias, porque as notícias mostram a eles um mundo caótico e assustador. Ler juntos o jornal é educativo, mas eu protegeria até mesmo uma criança de nove anos de notícias da televisão, que é propositadamente sensacionalista para assustar a sociedade.
Acalme-se antes de falar com seus filhos para que sua própria indignação e medo não os assuste. Tranquilize-os sempre, diga que eles e o resto da família estão seguros.
Em todas as idades comece perguntando o que andaram ouvindo. Ouçam suas respostas antes de pular pra explicação. Repita pra ter certeza de que a explicação foi compreendida. Não há problema em dizer que não sabe a resposta pra uma pergunta – pode dizer ao seu filho que precisa pesquisar o assunto e que lhe dirá assim descobrir a resposta. (Dada a natureza inflamada das notícias na internet, aconselha-se fazer uma pesquisa prévia antes de procura-la on-line com seu filho/a).
Forneça as informações básicas tal como você as compreende. Por exemplo:
“Um policial de Minneapolis estava detendo um homem chamado George Floyd. Depois de Floyd estar algemado, o agente pressionou o joelho dele no pescoço de Floyd por nove minutos e acabou matando-o. Isto chama-se “força mortal” e só pode ser usada se o policial ou outra pessoa estiver em perigo – do contrário, é ilegal. Portanto, como Floyd já estava algemado, o oficial estava imensamente errado ao fazer isso, e acabou matando Floyd.
É um fato terrível, mas os jovens negros têm 20 vezes mais probabilidades de serem feridos pela polícia do que os jovens brancos. Uma das razões para isso é que muitos brancos, incluindo policiais, partem do princípio que um homem afro-americano pode ter feito algo de errado com muito mais frequência do que em relação a um homem branco ter feito. Penso que os policiais também têm mais medo das pessoas negras, e o medo leva as pessoas a praticar atos ruins. E penso que, por vezes, os policiais presumem que podem usar a força ilegal contra um afro-americano e não serem punidos, quando não fariam o mesmo a um homem branco.
Muitas pessoas ficaram enfurecidas com este incidente e com as muitas outras vezes em que algo do gênero aconteceu, por isso protestam, levantando-se contra a injustiça e exigindo mudanças.
Infelizmente, muitos departamentos de polícia não estão lidando bem com os protestos. Muitos temem ser agredidos. Alguns respondem com violência, mesmo a manifestantes não-violentos. Há muitos relatos de repórteres que viram policiais agredirem manifestantes pacíficos.
Mas devem saber que há muitos policiais em todo o país que se mostram solidários com os manifestantes pacíficos, ajoelhando-se[1] em memória de George Floyd.”
O seu filho pode ter dúvidas sobre os protestos. Eu aproveitaria a oportunidade pra falar sobre a forma como as mudanças ocorrem numa democracia e sobre a longa e respeitável história de protestos pacíficos e desobediência civil que gestou as mudanças frente às estruturas enraizadas de poder. Seu filho pode já ter ouvido falar de Gandhi e do Movimento dos Direitos Civis, mas juntos vocês podem procurar outros exemplos no Google. Pode também ver que foram os protestos em repúdio ao assassinato de George Floyd que provocaram a prisão do policial que o matou. Irão ver que quando as pessoas se enfurecem podem querer destruir tudo, mas a violência só tornará as coisas piores.
Aproveito a oportunidade pra falar aqui sobre segurança em alguns sentidos:
· Se um policial te disser para fazer algo, faça imediatamente. Os policiais nem sempre têm razão e podem ser contestados em tribunal depois de terem feito algo errado. Mas a lei não nos dá o direito de desafiá-los nesse momento, então você não tem poder nesta situação.
· As armas de brinquedo podem ser muito parecidas com armas de verdade. Alguns jovens, e mesmo crianças, foram alvejados pela polícia quando estes pensaram que sua arma de brinquedo era de verdade. Não é correto em nenhuma circunstância mostrar qualquer arma em público, mesmo que seja de brinquedo. Se quiser brincar com armas, faça uma arma de madeira.
· Armas são muito perigosas. Nunca toque numa arma, e se alguém te mostrar uma, saia imediatamente da sala.
· A violência não é a forma de resolver problemas entre as pessoas. “Esta é uma tragédia terrível. É por isso que é tão importante que usemos as nossas palavras em vez de bater ou machucar alguém quando estamos com raiva.”
Sempre acabar uma discussão de forma positiva. Garanta a seus filhos que eles e o resto da família estão a salvo. Assegure-lhes que a mudança é possível, que muitas pessoas estão trabalhando para tornar as coisas melhores, que os progressos são lentos, mas reais e que há coisas que eles podem fazer para ajudar.
É importante que as crianças pensem que podem fazer uma pequena diferença ao abordar as injustiças que veem. No tópico seguinte, algumas ideias sobre como tomar medidas que podem inspirar seus filhos.
Pré-adolescentes e Adolescentes
Com os pré-adolescentes e adolescentes, você pode aprofundar ainda mais as discussões de hoje em dia, você deve fazer isso. Informe-se sobre os mais jovens, para ter ideias sobre como abordar estas discussões. Compartilhe informações e faça perguntas, começando por:
· Como podemos garantir que mortes como a de George Floyd não aconteçam?
· Martin Luther King Jr. disse: “A revolta é a linguagem dos que não tem voz.” O que você pensa a respeito disso?
· Se estivesse no comando de uma cidade e as pessoas se indignassem e saíssem pra protestar, o que você faria?
· Na sua opinião, qual é a responsabilidade da polícia numa manifestação? Por exemplo, um vídeo mostra um homem com as mãos ao alto, rendido, mostrando sua credencial de jornalista. A polícia responde segurando-o, tirando-lhe a máscara facial e alvejando seu rosto com spray de pimenta. Você acha que esta foi a atitude correta a ser feita? Porque sim ou porque não? O que o policial deveria ter feito?
· Quando algo injusto acontece e as pessoas estão com muita raiva, será que faz sentido reagir atacando a delegacia de polícia? E saquear uma loja?
· Consegue pensar em exemplos das nossas ações e percepções individuais ou de grupo que são moldadas por ideias racistas que talvez sequer reparemos?
Pré-adolescentes e adolescentes estão explorando suas identidades, exercitando uma forma de se encaixarem no mundo e como podem dar sua contribuição. Tomar medidas positivas para enfrentar os problemas que percebem e tornar o mundo um lugar melhor ajuda a capacitar os adolescentes e evita que se tornem céticos. Fale com seus filhos sobre como ele ou ela podem se posicionar contra o racismo. Debata ideias com eles. Aqui vão algumas pra te ajudar a começar:
· Vá a um protesto pacífico na sua cidade.
· Faça doações a organizações que tentam fazer mudanças, proteger vidas negras, ou educar as pessoas sobre o racismo. O seu/sua filho/a pode fazer a pesquisa para encontrar uma organização cuja missão eles admiram.
· Envie uma carta ao seu prefeito ou governador perguntando o que estão fazendo para evitar a brutalidade policial na sua cidade.
· Envie uma carta de condolências para a família que sofreu uma perda ou abuso.
· Veja o TED Talk de Jay Smooth “Como Aprendi a Parar de Me Preocupar e de Amar Discutindo Raça”[2].
Há muitos recursos na internet para nos educarmos, a nós mesmos/as e aos nossos/as filhos/as, como por exemplo:
Para a maioria dos pais brancos, este é um processo educativo para nós também, por isso não tenham medo de dizer que também estão apenas aprendendo e tentando compreender.
Esperamos que este seja apenas o início de uma discussão contínua na sua família. Sorte a sua de ter a coragem pra começa-la!
***
Agradecimentos a:
Children's Community School pelo gráfico utilizado neste artigo e por todas as suas pesquisas e recursos. Obrigada, Debbie Irving!
Your Kids Aren't Too Young to Talk About Race: Resource Roundup, de Katrina Michie via Pretty Good.
Anti-Racism Resources for White People, compilado por Sarah Sophie Flicker e Alyssa Klein
Quando o filho de 6 anos do ativista comunitário Kenneth Braswell perguntou-o sobre os protestos de Baltimore em torno das acusações da morte de Freddie Gray, Braswell não soube como responder. Mas ele só começou e sua explicação transformou-se num belo livro infantil, “Daddy, There’s a Noise Outside” (“Papai, ouvi um barulho lá fora”, em tradução livre). Conta a história de duas crianças que acordam de madrugada por barulhos do lado de fora e passam a manhã seguinte falando com a mãe e o pai sobre os protestos no seu bairro. O livro explica os protestos e os tumultos de uma forma que até as crianças pequenas podem compreender.
Tradução: Victor Scatolin, aka Walter Vetor; poeta e tradutor, autor de diversos livros para crianças e adolescentes, além de traduzir poetas como Chyio-Ni, Friedrich Hölderlin Emily Dickinson e Jonas Mekas.
http://lattes.cnpq.br/4569640805339002
[1] N.T: trata-se de um gesto comum no movimento negro e antirracista dos EUA, popularizado por Colin Kaepernick, jogador dos San Francisco 49ers. Em 2016, protestando contra a violência e brutalidade policial contra os negros, este jogador, seguido por muitos outros, passou a ajoelhar-se durante a execução do hino americano nos jogos da NFL (a liga de futebol dos EUA). [2] N.T.: No original, “How I Learned to Stop Worrying and Love Discussing Race” é o nome da palestra citada pela autora. No Brasil, ou aos não-falantes de inglês, temos equivalentes na discussão sobre racismo e violência policial, como Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Silvio Almeida e muitos outros. Podem efetuar juntos, você e seus/suas filhos/as, uma pesquisa a respeito. O mesmo vale para os links citados pela autora no original. Que tal efetuar uma pesquisa de equivalentes de sites e propostas equivalentes no Brasil?
Nós da Clínica Infantil Duocare acreditamos num futuro melhor, e esse futuro só poderá ser construído a partir da educação que damos aos nossos filhos.
Algumas recomendações de leituras em português sobre o mesmo tema:
Sueli Carneiro
Silvio Almeida
Djamila Ribeiro
Alê Santos
by Dr. Laura Markham, founder of AhaParenting.com and author of
Peaceful Parent, Happy Kids, Peaceful Parent, Happy Siblings and her latest book, the Peaceful Parent, Happy Kids Workbook.
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